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quinta-feira, 31 de março de 2011

DENGUE? QUE MAL É ESSE? - PARTE 2

Olá amigos leitores, como abordei na primeira parte desse artigo, a dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus que ocorre, principalmente, em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. O mosquito, Aedes Aegypti, costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataques ocorrem também durante a noite.  Há quatro tipos de apresentação do vírus.  A primeira manifestação clínica é a febre de início abrupto, associada à cefaléia, mialgias, artralgias, dor retroorbitária, com presença ou não de exantema e/ou prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarréia podem ser observados por 2 a 6 dias. A pessoa deve estar atenta aos sinais e sintomas e principalmente aos sinais de alerta.
DIAGNÓSTICO
Durante a consulta médica, o diagnóstico da dengue é realizado com base na história clínica do doente com informações epidemiológicas (presença de casos confirmados próximo a moradia e no trabalho, deslocamentos para áreas de risco nos últimos 15 dias), realização de exames complementares (PROVA DO LAÇO) e laboratoriais.  Caso haja confirmação de caso, o paciente receberá um cartão de identificação do paciente com dengue disponibilizado pelo Ministério da Saúde e o médico notificará a existência de mais um caso (notificação compulsória).



         Inicialmente, é feito um o diagnóstico clínico para descartar outras doenças (veja em diagnóstico diferencial – PARTE 1). Após essa etapa, são realizados alguns exames, como hematócrito e contagem de plaquetas. Estes testes não comprovam o diagnóstico da dengue, já que ambos podem ser alterados por causa de outras infecções.
Diagnóstico sorológico

a) Método de escolha para o diagnóstico da dengue;
b) Detecta anticorpos antidengue;
c) Coleta a partir do quarto ao sexto dia do início dos sintomas;
d) A técnica disponível nos laboratórios centrais do país é o ELISA;
e) Outras técnicas como Inibição de hemaglutinação, teste neutralização não são utilizadas na rotina.

Diagnóstico por detecção de vírus ou antígenos virais

a) Isolamento viral: seu uso deve ser orientado pela vigilância epidemiológica com o objetivo de monitorar os sorotipos circulantes;
b) Coleta até o quinto dia de início dos sintomas;
c) Detecção de antígenos virais pela imuno-histoquímica de tecidos;
d) Diagnóstico molecular feito pelo RT-PCR.

Diagnóstico laboratorial nos óbitos suspeitos

a) Todo óbito deve ser investigado;
b) Deve-se coletar sangue para isolamento viral e/ou sorologia e tecidos para estudo anatomopatológico e isolamento viral;
c) O procedimento deve ser feito tão logo seja constatado o óbito e fragmentos de fígado, pulmão, baço, gânglios, timo e cérebro devem ser retirados;
d) Para isolamento viral o material deve ser colado em recipiente estéril, enviado imediatamente para o laboratório, acondicionado em nitrogênio líquido ou gelo seco. Caso não seja possível o envio imediato, acondicionar em geladeira (+4oC) por até seis horas;
e) Para a histopalogia o material deve ser colocado em frasco com formalina tamponada, mantendo e transportando em temperatura ambiente.
PROVA DO LAÇO
¡  Desenhar um quadrado de 2,5cm de lado (ou uma área ao redor da falange distal do polegar) no antebraço da pessoa e verificar a pressão arterial (deitada ou sentada).
¡  Calcular o valor médio: (PAS+PAD) /2.
¡  Insuflar novamente o manguito até o valor médio e manter por cinco minutos em adultos (em crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de petéquias ou equimoses.
¡  Contar o número de petéquias no quadrado. A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças.
¡  Valores normais: nenhuma petequia, ou até no máximo 10 petéquias, em uma área de 5 cm. Escala para informar o número de petéquias:
¡  0 a 10 = 1+
¡  10 a 20 = 2+
¡  20 a 50 = 3+
¡  50 ou mais petéquias = 4+

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
A notificação compulsória é um registro que obriga e universaliza as notificações, visando o rápido controle de eventos que requerem pronta intervenção. Para a construir o Sistema de Doenças de Notificação Compulsória (SDNC), cria-se uma Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC), cujas doenças são selecionadas através de determinados critérios como: magnitude, potencial de disseminação, transcedência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle, compromisso internacional com programas de erradicação, etc. Devido as alterações no perfil epidemiológico, a implementação de outras técnicas para o monitoramento de doenças, o conhecimento de novas doenças ou a re-emergência de outras, tem a necessidade de constantes revisões periódicas na LDNC no sentido de mantê-la atualizada.
No caso da dengue, a notificação compulsória é fundamental e de investigação obrigatória, principalmente quando se trata dos primeiros casos de dengue clássica diagnosticados em uma área, ou quando se suspeita de febre hemorrágica da dengue. Os óbitos decorrentes da doença devem ser investigados imediatamente.

CASOS NOTIFICADOS

              No link abaixo, você pode encontrar os dados estatísticos de casos confirmados e notificação compulsória de todos o Brasil atualizado, inclusive a distribuição por estados brasileiros.

INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO
                A indicação de internação é de competência médica e caberá a ele essa decisão após todo processo de diagnóstico.  Entretanto, o Ministério da Saúde apresenta algumas orientações para esse fim:
¡  Presença de sinais de alarme.
¡  Recusa na ingesta hídrica e alimentar.
¡  Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade.
¡  Plaquetas <20.000/mm3, independentemente de manifestações hemorrágicas.
¡  Impossibilidade de seguimento ou retorno a unidade de saúde.
¡  Co-morbidades descompensadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarinicos, crise asmática, etc.
¡  Outras situações a critério médico.
O manejo intra-hospitalar segue um protocolo diferenciado por cores para cada tipo de situação:
GRUPO A = VERDE
¡  Febre por ate sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos (cefaléia, prostração, dor retroorbitaria, exantema, mialgias, artralgias) e historia epidemiológica compatível.
¡  Prova do laço negativo e ausência de manifestações hemorrágicas espontâneas.
¡  Ausência de sinais de alarme.
GRUPO B = AMARELO
¡  Febre por ate sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos (cefaléia, prostração, dor retroorbitaria, exantema, mialgias, artralgias) e historia epidemiológica compatível.
¡  Prova do laço positiva ou manifestações hemorrágicas espontâneas, sem repercussão hemodinâmica.
¡  Ausência de sinais de alarme.
GRUPO C = LARANJA E GRUPO D = VERMELHO
¡  Febre por ate sete dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomas inespecificos (cefaléia, prostração, dor retroorbitaria, exantema, mialgias, artralgias) e historia epidemiológica compatível.
¡  Presença de algum sinal de alarme (que caracteriza o Grupo C) e/ou manifestações hemorrágicas presentes ou ausentes.
¡  Presença de sinais de choque (o que caracteriza o Grupo D).

TRATAMENTO
O tratamento é diferenciado para cada indivíduo, pois cada um será enquadrado num protocolo conforme descrito acima.  Contudo as recomendações a seguir é de grande importância para aqueles que tem o diagnóstico e não tem a indicação de internação.
Hidratação oral

• Calcular o volume de líquidos de 60 a 80 ml/kg/dia, sendo um terço com solução salina e iniciando com volume maior. Para os dois terços restantes, orientar a ingestão de líquidos caseiros (água, sucos de frutas, soro caseiro, chás, água de coco, etc.), utilizando-se os meios mais adequados à idade e aos hábitos do paciente. Especificar o volume a ser ingerido por dia.

Por exemplo, para um adulto de 70 kg, orientar:

– 1º dia: 80 ml/kg/dia +/- 6,0L:

- Período da manhã: 1l de SRO e 2l de líquidos caseiros;
- Período da tarde: 0,5l de SRO, 1,5l de líquidos caseiros e;
- Período da noite: 0,5l de SRO e 0,5l de líquidos caseiros;

– 2º dia: 60 ml/kg/dia +/- 4,0l, distribuídos ao longo do dia, de forma semelhante:

- A alimentação não deve ser interrompida durante a hidratação, mas administrada de acordo com a aceitação do paciente;
- Não existe contra-indicação formal para o aleitamento materno;

b) Sintomáticos em casa




TODO TRATAMENTO É PRESCRITO PELO MÉDICO DE ACORDO COM A AVALIAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E INDIVIDUAL.  
A AUTOMEDICAÇÃO É PREJUDICIAL!

           O tratamento da dengue requer bastante repouso e a ingestão de muito líquido, como água, sucos naturais ou chá. No tratamento, também são usados medicamentos anti-térmicos que devem recomendados por um médico.
           É importante destacar que a pessoa com dengue NÃO pode tomar remédios à base de ácido acetil salicílico. Como eles têm um efeito anticoagulante, podem promover sangramentos.
          O doente começa a sentir a melhorar cerca de quatro dias após o início do ssintomas da dengue, que podem permanecer por 10 dias.
          A todo período, fique atento aos sinail de alerta (PARTE 1).  Caso seja evidenciado, procure atendimento médico o mais rápido possível.

FIM!



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