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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

FATOR REUMATÓIDE E ANTICORPO ANTI CCP NA AR

FATOR REUMATÓIDE



O FR representa um grupo de auto-anticorpos caracterizados pela habilidade de reagir com determinados epitopos da porção fragmento cristalizável (Fc) da IgG e atua ativamente na patogênese da AR, sendo sua presença sugestiva de prognostico desfavorável. In vivo, o FR pode ser das classes IgA, IgG ou IgM, porém a classe IgM e a que se detecta sorologicamente com maior frequência.

Teoricamente, um estimulo antigênico pode levar ao aparecimento de uma IgG anormal na sinóvia, resultando na produção de FR e no desenvolvimento posterior da doença

reumática. Assim, o FR provavelmente não inicia o processo inflamatório na doença reumática, mas atua perpetuando e amplificando esse processo.

O FR e utilizado com frequência para diferenciar AR de outras artrites crônicas, sendo que na AR geralmente é detectado em altos títulos. Sua sensibilidade e de aproximadamente

80% e sua especificidade, 70%, podendo ocorrer na população sadia com prevalência que varia de 1% a 4%. Outras doencas, como LES, sindrome de Sjogren, hepatite crônica ativa, hanseniase e algumas infecções parasitarias, podem mostrar positividade para esse anticorpo, embora sempre em títulos baixos.

Tanto a existência do HLA-SE como o tabagismo já foram relacionados com a presença do FR. A positividade para anti-CCP também esta associada à positividade para FR, porém não são completamente coincidentes.

Pesquisadores demonstraram que a presença de níveis aumentados de FR IgA em pacientes com AR está associada ao desenvolvimento de doença erosiva, bem como a uma maior frequência de síndrome sicca concomitante.

Estudos recentes sugerem ainda a associação entre a positividade para o FR IgA e a presença de anticorpos anti-CCP e títulos de FR IgM superiores a 50 UI/ml. Usualmente, o FR pode ser investigado no laboratório clínico por técnica de aglutinação em látex, que constitui um método de menor custo.

A variação na faixa de sensibilidade e especificidade dos métodos citados requer criteriosa interpretação do clínico, em associação aos dados do anti-CCP e dos sintomas do paciente.



ANTICORPO ANTI CCP



A busca por marcadores diagnósticos e prognósticos da AR tem sido objeto de inúmeros estudos.

A citrulinização consiste na modificação pós-traducional de determinada proteína, na qual um resíduo de arginina é convertido em citrulina. Esse processo é catalisado pela enzima peptidil arginina deiminase (PAD) e neutraliza o caráter fortemente básico da arginina. Os anticorpos anti-CCP são produzidos localmente na membrana sinovial inflamada e no líquido sinovial de pacientes com AR e são capazes de reagir com diversos peptidios citrulinados.

Apesar de ser detectado ocasionalmente em pacientes sem AR, os testes imunoenzimáticos recentemente desenvolvidos para quantificação de anticorpos anti-CCP tem demonstrado sensibilidade de 67% e especificidade de 95% para AR, em alguns estudos. Estes constituem o teste de escolha na detecção do anti-CCP, sendo que já estão disponíveis ensaios de segunda (anti-CCP2) e terceira gerações (anti-CCP3).

Inúmeros estudos têm demonstrado que o aparecimento de auto-anticorpos no soro de pacientes com AR pode preceder em anos os sintomas clínicos da doença.

A determinação dos anticorpos anti-CCP também parece ser útil no diagnostico precoce da AR, principalmente em grupos de risco, como familiares de pacientes. Uma vez que os auto-anticorpos podem ser detectados em fases precoces da AR, sua utilidade diagnóstica e

prognóstica é notável, sendo considerados marcadores de pior prognóstico para a afecção. O anticorpo anti-CCP também pode ser detectado nos pacientes FR negativo.

A AR apresenta padrões de evolução distintos com diversos graus de incapacitação funcional e alterações extra-articulares que geram importante impacto social e econômico. Dessa forma, marcadores prognósticos possuem significativa importância para a identificação precoce de pacientes com formas mais grave da doença, o que possibilita a implantação racional do tratamento mais agressivo. Também são de muita utilidade por pouparem pacientes com formas mais brandas de possíveis efeitos tóxicos decorrentes de um tratamento mais agressivo.

Medidas dessa natureza contribuem de forma significativa para a redução dos custos relacionados com a doença, tanto para o paciente como para a sociedade.